Há muito tempo percebo que a
contemplação é algo inerente ao ser. Um estado de desdobramento temporal onde
somos levados às mais diversas experiências e sensações ao nos deparamos com eventos
muitas vezes ordinários da natureza, como o voo de uma ave, uma flor solitária
na grama, ou raios de sol refletidos nas
nuvens, formando uma dança que faz com que os meus pensamentos sejam elevados a uma caminhada até o eterno. Vejo-me muitas vezes nesses momentos como em uma caminhada que está acima do palpável onde todas as lutas internas cessam por um instante ao som do silêncio e há uma pausa em minha própria dialética existencial. As dúvidas são levadas para aquele quadro dócil e pacífico, e todo o peso da alma se satisfaz encontrando a paz em um momento tão singular e pacífico de desmembramento, pois os pensamentos enraizados a esta realidade desfigurada sempre encontram algum conflito entre o visível e o transcendente. Paz esta que é no mínimo inexprimível. Como explicar tamanha realização sem entrelaça-la à nossa visão de realidade desfigurada?
nuvens, formando uma dança que faz com que os meus pensamentos sejam elevados a uma caminhada até o eterno. Vejo-me muitas vezes nesses momentos como em uma caminhada que está acima do palpável onde todas as lutas internas cessam por um instante ao som do silêncio e há uma pausa em minha própria dialética existencial. As dúvidas são levadas para aquele quadro dócil e pacífico, e todo o peso da alma se satisfaz encontrando a paz em um momento tão singular e pacífico de desmembramento, pois os pensamentos enraizados a esta realidade desfigurada sempre encontram algum conflito entre o visível e o transcendente. Paz esta que é no mínimo inexprimível. Como explicar tamanha realização sem entrelaça-la à nossa visão de realidade desfigurada?
A cada passo dado em direção a um
grande mergulho da alma há um rompimento metafísico que expressa a dualidade da
alma versos corpo. Pergunte-se o cético se há alguma dose de intemperança
nestes raios de sol que atravessam as nuvens como flechas aladas indo de
encontro a alma do objeto observador. Pergunte-se se há incoerência ou
contradição de termos entre o imanente e o transcendente.
Um homem não pode viajar em sua
mente uma vida toda vasculhando seus anseios e paixões sem que com isso
encontre o real. Se este homem existisse, ele deveria estar dissociado de seus
próprios pressupostos e afirmações sobre o que é o real. Visto que pelo fato
deste homem fazer afirmações, ele está dotado de inúmeros pressupostos dos
quais não lhe servem de nada, pois nenhum deles seria atestado até que ele tivesse
o vislumbre do vaguear da alma impressa em seu coração. Será possível que este
homem poderia validar alguma afirmação sem que pressupusesse o intangível? Afinal,
o próprio estudo da epistemologia, o estudo sobre o conhecer nos revela que o
conhecimento é inato ao ser, do contrário não poderia ser alcançável. Se o
homem nasce como uma folha em branco, ele não possui instrumentos para aprender
nada.
Logo, quando o homem contempla a
criação podemos observar um quadro completo, a união do homem com o anseio da
alma. Isto significa um alimentar da alma.
Contemplo agora a vazão de todas
as coisas, ligadas por um fio de transcendência que brota de uma fonte inextinguível.
Não há escapatória, somente os belos caminhos que a almas trilham são eternos e
atestam a existência.
Uma borboleta rompeu as barreiras
temporais separando a realidade ao meio na velocidade da luz que atravessa a
retina do observador que contempla o que está próximo com a sensação de estar
longe de tudo aquilo, enquanto um cheiro de infância materializado em uma sopa
para o jantar traz o contemplativo homem de volta ao crepúsculo de um fim de
tarde com nuvens no céu que parecem punhos gigantescos esvaindo-se entre os
raios de sol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário